Apreciação pitoresca e mais fenomenal ainda,
depois de sabotada a primeira tentativa
apreciativa…
É-me dolorosa esta incumbência, dado o estado psicológico em
que me encontro.
Mais dolorosa ainda...
Por ser uma obrigatoriedade, tendo que me esforçar e aplicar,
mesmo contra a minha vontade.
Democráticamente digamos...
Nada me obrigaria a tão penosa tarefa, por estar implantada em
mim a genética dos nossos gloriosos antepassados conquistadores e
gladiadores.
Mas infelizmente, o impiedoso e tortuoso advindo do meu prof.,
obriga-me a este tão nobre feito… exige-me!!
Melhor dizendo...
Portanto serei incisivo e conciso, na espinhosa tarefa de
classificar e pontuar os espasmos fenomenais e tão elucidativos,
como também inteligentíssimos, dadas as respostas em
monossilabos e dissilabos de alguns alunos, chegando alguns ao
cúmulo, de simplesmente responderem em vogais.
Três ou quatro, inesperadamente surpreenderam-me…
Um deles, pela minha avaliação doutorada e deslumbrante,
demonstrou alguns sintomas sociopatas e criminosos.
-"Num seguemento infinito e lúdico como
transversal ao finito, a angústia da morte está em
não se poder cessá-la".
O estudioso escreveu e eu li, não me querendo apropriar da
fantástica citação, fazendo crer que realmente sou algum génio.
Que patético…
Só quem não viu ainda a teoria do big bang na 2, ou leu
Emmanuel Levinas, acredita ter alguma genialidade por escrevinhar
algo, numa rectórica pouco usual e demonstrativa de alguma
deficiência, com psicóticas e animalescas anormalidades.
A inexorável levitação ao infinito está eminente…
Do tempo que nos falta, ao fabuloso e fantástico, tal como
enigmático e imprivisivel tempo que nos resta.
Que penosa e espinhosa esta minha via dolorosa.
Não só me revejo em Cristo, naquela tortuosa caminhada com
o peso da humanidade aos ombros, como também caminho sobre cacos
e afiadas apáras de silex.
Poucos me transmitem alguma coisa e nenhuns me dizem
algo.
Esta sociedade está doente e padece de uma falta de cultura
nunca antes vista.
Além das denominadas e fantásticas avaliações já infligidas
sobriamente, pouco me resta a dizer sobre esta tão nobre e fantástica
turma em que me vejo envolvido.
Sei sim... que o mais primitivo depois do processo concluido,
terá a mesma equivalência que eu elevando-me ao seu nível,
fazendo de mim uma trituradora e deslumbrante máquina da
semântica, cheio de ambição, sonhos ou vontade de aprender e
chegar mais longe.
O meu discurso será virulento, insecticídico, hantraxianico,
hitleriano, parricídico e nefasto, sem esquecer o lacrimogénico e o
sulfúrico, se questionado sobre esta experiência.
Não pouparei nenhum deles, excepto alguns e todo o corpo
docente que se rege pela cartilha imposta pelos órgãos
governativos.
Não foi há muito tempo, que vi num filme não muito bom mas
mediano, numa escola secundária qualquer, algures num dos cinquenta
e dois estados da América, o professor andar atrás de um aluno para
que ele fosse para a universidade e continuasse os estudos, porque
tinha visto o seu potencial.
Apesar do desinteresse do aluno, insistia quase diáriamente
para que ele continuasse os estudos, não porque ele fosse um olheiro
da classe dos cientistas em busca de novos talentos... não!!!
É espiritual, é humano e científico, incentivar alguém que se
veja ou reconheça algum talento, ou mesmo um dom.
Aplicando-se aqui os conceituados estudos de McGregor,
Maslow e Herzberg, em como o elogio, o incentivo e a modesta
condecoração pelos feitos conseguidos, entusiasma qualquer um,
aumentando exponencialmente o empenho, a aplicação, e a
motivação, aumentando por seu turno a produtividade,
reflectindo-se evidentemente no produto interno bruto.
Ou seja… no PIB, que tanto dissabor nos tem dado ultimamente.
Portanto amigo professor, se quiser uma percentagem dos
resultados como é exigido, façamos contas...
Somos vinte alunos digamos, menos o das vogais que não diz
nada, sete pouco interessados, três indiferentes, quatro cowgirls e o
sociopata que até ao final desta transmissiva rota de conhecimentos,
contaminará mais dois ou três formando novamente os “three stooges”,
mas com o killer instinct do Bronx...
ficamos reduzidos a meia dúzia.
Sou o último... no topo da pirâmide como o sol, radioso e
deslumbrante, acérrimo noctívago e imortal, provido da minha
excalibur da BIC made in China e pergaminhos que serão
editados após a minha morte, como aconteceu com Nietzsche
nos seus últimos anos de vida.
Considerado louco... ninguém se atreveu a editar o seu último
livro enquanto ele foi vivo, desconsiderando-se a loucura após o
desaparecimento do ser.
Uma atrocidade... a ganância não tem limites.
Quem nunca enlouqueceu por amor, não sabe realmente o que
isso é…
Chega de baboseiras... ou terei que me confrontar com a
brigada do pão saloio se eles souberem disto, declarando já de
ante-mão, ou préviamente, antecipadamente e com fundamento,
que toda esta minha deslumbrante rectórica, não passa na maioria
dela de puro, nu e cru sarcasmo.
O antídoto da tristeza!!!
Poderia até ser mais corrosivo, se destilasse directamente o
escárnio que eu tenho por esta sociedade e o ódio que sinto pela raça
humana, mas não me é permitido.
Quero ir para a universidade… rodear-me de gente culta,
filósofos e pensadores, só assim crescerei.
Perdoe-me mais uma vez, por provavelmente ter fugido aos
canones estabelecidos, ou pelo desenquadramento desta sibilante
demonstração de poder, altivez e paspalhice.
A besta sou eu!!
Tudo isto conjugado num porte atlético invejável, possante e
capaz de determiar num só relampante olhar o que poderia correr
sem parar daqui prá’li, dali pr'acolá ou de lá pr'acolé, até onde a
visionária medição ocular me transmitisse em
passos, convertendo-a automaticamente em metros, mas não
corro.
Não sou maluco…
Só louco…
Sem mais, atenciosamente e retribuindo o cumprimento…
Até breve!!!